O que eu vi em Smurfs (2025)
O ponto culminante do filme se encontra na ideia, ato e fato do coletivismo que ele esta inserido. Enquanto a busca dele era uma busca individual, ele nao encontrou um archē, mas foi quando em uma determinada necessidade de socorrer aos coiguais, que ele encontrou sua habilidade.
Isso não poderia ser mais cristão possível. Todos nós sempre procuramos "nos encontrar", "achar nosso propósito", "nos conectar com nosso destino", e por vezes nos frustramos por olhar outros mais novos de idade, novos de conversão, novos de empresa, etc, e aparentemente mais bem resolvidos nessa área que nós. O ponto é que, nossas habilidades, propósitos ou destino não são apesar da comunidade na qual estamos inseridos, muito pelo contrário, é para a comunidade. A habilidade de liderança só faz sentido se eu estiver envolvido em uma comunidade para exercê-la, veja, só faz sentido um médico, se ele estiver inserido em uma sociedade que careça de cuidados médicos.
Para além de coaching e doutrina de autoajuda, eu proponho a perspectiva de que o meu propósito de vida não é para mim, e sim através de mim. Veja, na parábola do bom samaritano, o jovem faz à Jesus a mesma pergunta que nós fazemos "Quem é o meu próximo", Dietrich Bonhoeffer diz que "Meu próximo sou eu mesmo. Ser próximo não é qualidade do outro, mas é o direito que o outro tem sobre mim." independente de como seja o outro, o próximo dele sou eu, e não ele sendo o meu próximo, pois, a obediência é um dever meu e não um mérito do outro, e portanto, é essencial que minhas habilidades específicas e gerais, como generosidade, empatia, paciência, etc, só alcançam seu ápice no ato coletivo.
É pertencendo a uma vida em comunidade que minhas características individuais se fazem funcionais.
As vezes o que nos falta para que encontremos nosso archē divino, seja nos inserir na vida de comunidade, seja participar da vida do outro, seja agir como luz para o outro, talvez não sejamos aquém de algum propósito, talvez apenas estamos distantes daqueles que são "próximos", talvez estejamos distantes daqueles que precisam de pequenos "cristos", aí então encontraremos nosso propósito, ainda que não sejamos carimbados como Einstens, Tolkiens ou Mozarts, deixaremos de ser "sem nome" e podemos ser um "bom samaritano" para alguém.
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