O essencial pelo quantitativo


"As pessoas grandes adoram números. Quando lhes falamos de um novo amigo, elas jamais se interessam pelo essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua voz? Quais brinquedos prefere? Será que coleciona borboletas?" Mas perguntam: "Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?" Somente então é que eles acreditam conhecê-lo." - Antoine de Saint-Exupéry (O Pequeno Príncipe)

Em primeiro lugar, vale a indicação desta obra e, agora vamos refletir este ponto. Bom, à primeira vista é até charmoso, belo e até mesmo de certa forma utópico pensar nesta questão de uma forma romântica sem se questionar por um momento “será que eu já fiz, faço com outrem isso?” certamente você deve pensar que em algum momento da sua vida você chegou até a fazer mas depois se convenceu de que zela, admira, busca e contempla o essencial do próximo e a pergunta é “será que é isso mesmo?”. Será que salário, tamanho da casa, quantos livros leu, quantos cursos fez, quantos amigos tem, entre outras coisas numéricas, será que isso de fato não o atrai, será que suas relações com as pessoas buscam a pessoa por detrás da profissão, do salário, das coisas secundárias? Ninguém o culpa em primeira instância, ora, te fizeram trocar o teatro com brinquedos pela fórmula de Baskhara; o sistema te quantificou, você passa a ter uma numeração de identidade, uma numeração de pessoa física, pouco importa seu nome, o que interessa são os número com os quais te carimbaram; te fizeram trocar uma mentalidade imaginativa e criativa por um mindset binário e ainda para ajudar sobreveio a ditadura dos likes com o chicote dos views; te fizeram ter uma necessidade de divulgar que está tendo uma boa vida, te ensinaram que encontros com os amigos sem foto não tem valor algum, você precisa postar a #FelizComO/ABest, até mesmo aqueles que fazem ações e dizem não carecer de divulgação mídica, fazem posts dizendo não precisar divulgar, os sorriso passaram a serem forçados e os abraços são para caberem na selfie,e aí “Será mesmo que a gente aprendeu a zelar o essencial das pessoas?”. Bom, talvez eu ainda não tenha te convencido de que a gente aprendeu a quantificar as pessoas, pois bem, pensa em alguém especial, agora tente elencar coisas essenciais sobre ele(a) como: gosto de música, filmes, hobbies, cor favorita, comida preferida, qual desenho favorito, etc. agora pense sobre a mesma pessoa coisas como: idade, quantas casas tem, quantos irmãos, e coisas quantitativas e responda a si mesmo, você o conhece pelo que ele o é ou pelo que conquistou?
Bom, eu não sou nem de longe o primeiro a falar que o sistema educacional mata a criatividade e ao invés de levar-nos ao ensino, nos leva á repetição de informação. Te forçaram a pensar que uma pessoa boa é que tira 10 na prova (como ja falamos desta métrica anteriormente), te forçaram a pensar que quem ganha um bom salário é quem ganha muito, que o que se alimenta bem é o que se alimenta muito, que o inteligente é quem consegue repetir o maior número de informações possível, quando na verdade o inteligente compreende o maior número de conhecimento possível; não digo que os números são de todo mal, mas quantificar o mindset nos fez suprimir o essencial, que precisa ser redescoberto e, quem sabe um bom jeito de começar isso seja desenhando um elefante engolido por uma jibóia, mesmo que não tenha lógica, o essencial, segundo Antoine de Saint-Exupéry, é algo que só se vê bem com o coração pois, é invisível aos olhos.

Comentários

  1. Caro Bruno, você é um gênio... Sensacional, você sabe o quanto ti admiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado por ler, pelas palavras e principalmente pelo feedback, querida amiga !! Sz

      Excluir
  2. Bruno, mais uma vez tu nós faz refletir e chegamos a conclusão de que não sabemos apreciar a vida, as pessoas por exemplo, que nossas relações estão, ao passar tempo, piorando. Tu me definiu um pouquinho nesses texto, prestarei mais atenção se estou quantificando não só minhas relações, mas também a minha vida, que ter mais dinheiro não é certeza de ter mais felicidade como algumas pessoas pregam.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Fórmula do sucesso

O que eu vi em Senhor Dos Anéis

"Conhece-te a ti mesmo" - Sócrates