O que é amor

Para alguns se trata de algo emocional, para outros, uma escolha e de caráter estritamente racional. Embora envolva emoção, não poder ser apenas ou em maior parte emoção porque a isso damos o nome paixão, e o que é paixão senão a euforia emocional que inibe ou desconsidera o raciocinar, porque não paixão, o questionar sobre os fundamentos da emoção fere ou ofende aquilo que chamo de emoção e que, na verdade é uma necessidade, necessidade de ter alguém suprindo os vazios que há em mim e que é de responsabilidade minha preencher com aquilo que deveria me satisfazer, isto é, a mim mesmo. Por outro lado também não pode ser estritamente ou em maior parte racional, a isso chamamos conveniência, assim como a paixão uma hora se vai mediante a algumas circunstâncias onde exija um posicionamento não movido pela emoção, a conveniência não vê graça ou capricho naquilo que é natural que se faça com a emoção. Se relacionar com alguém movido pela emoção é tolice, partindo da premissa de que tudo que é exclusivamente emocional é também passageiro, bem como se relacionar por conveniência é estupidez, visto que uma hora já não haverá graça fingir a felicidade para sair bem nos status.
Mario Quintana, poeta e escritor Brasileiro faleceu solteiro, isto é, nunca se casou; quando se lhe perguntavam o porquê disto, ele dizia “Sempre preferi deixar dezenas de mulheres esperançosas do que uma só desiludida”, isto é, é de natureza nobre abrir mão de oportunidades que, neste sentido, não te dá certeza ou reciprocidade de durabilidade, ou seja, a esperança do verbo esperançar, de comungar uma vida com alguém e não momentos isolados, isto é, construir uma história. Quando dizem “O amor não é uma corrida, é um encontro de almas", nada pode estar mais certo, ora, os gregos dividem a alma em três áreas sendo elas, intelectual, sentimental e dos desejos, ou seja, amar alguém é completar e ser completo pelo outro nos desejos, nas razões e nas emoções, e à essa completude se define, pelo menos nesse sentido, amor, ou seja, em uma linguagem mais prática e geral, amor é a resultante da unidade entre as pessoas.
Em uma geração de relacionamentos líquidos, onde tudo é passageiro e isso passou a ser louvável, num tempo onde o império do convívio e socialização está sendo governado pelo imperador Ego Narciso e pela imperatriz Necessidades Pessoais, onde o feudo é constituído por aqueles que me cercam, o que que se faz é a posse das produções do feudo para satisfazer o comércio do império. Os relacionamentos hoje são definidos como a busca para meus desejos, para que eu seja feliz e satisfeito, para que minha solidão seja esvaída pela presença de alguém, já não há o compartilhar mas o domínio do receptor, não mais “alguém que seja comigo" mas “alguém que me faça”. Uma geração que passou a negociar valores por momentos ou por pessoas que, no fim das contas não me acresceu em nada. As provas específicas e impostas de amor tomaram as ruas por onde andava e cantarolava as demonstrações diárias, por vezes em gestos simples. As meninas cedem cada vez mais seus corpos antes de serem conquistadas a alma, os meninos apelam às expectativas com promessas que soa utópicas e já não se galanteia o coração.
Uma das perguntas que mais me fazem é “Qual tipo de garota você espera/ te atrai/ te interessa?” e a resposta é “Alguém que me complete. Não alguém perfeito mas alguém que busque, assim como eu, um constante aperfeiçoamento” , ora, se não for assim eu estarei sendo desonesto para com a moça e infiel para comigo mesmo, desonesto porque não haverá nudez nas minhas convicções e transparência nas emoções, infiel porque sabendo o que sinto e penso, negligencio e boicoto-me para uma pseudo felicidade. Quando alguém te completa e ambos buscam o aperfeiçoamento, não só é louvável as qualidade como também muitas delas são toletáveis, bem como os defeito que são admissíveis, muitos deles também são os que te admiram e te satisfaz enquanto a certeza de que ele ou ela é a pessoa com quem você queira compartilhar sua vida. Vale lembra e eu gosto disto, os judeus não dizem “Eu te amo”, mas a demonstração do amor deles é dando espaço e acesso à sua vida para as pessoas com quem eles desenvolveram esse nível de relacionamentos.
O amor não é utópico, ele é ideal. Não pode ser utópico porque não é fantasioso, ninguém foi visitado por uma fadinha que jogou pózinho de pirim pim pim e de repente ama, mas é ideal no sentido de que há um objetivo a ser alcançado, e o meio disto acontecer é a construção, os alicerces da amizade, fidelidade, honestidade, etc.

Termino dizendo que, deixar essa verdade líquida, isto é, desprezível e esquecer dela é o mesmo que morrer, até porque a palavra em grego “léthe” quer dizer tanto esquecimento quanto morte, dela se deriva a palavra letal, Augusto Cury em seu livro O Vendedor De Sonhos, que inspirou o filme que leva o mesmo nome diz algo interessante que é "O ser humano não morre quando o coração para de bater, morre quando, de alguma forma, deixa de se sentir importante".

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