Who I am?!


Talvez a pergunta mais difícil que já ouvi não foi com respeito a uma pesquisa científica nos dias universitários, não foi sobre um abacaxi que geralmente lidamos enquanto docente, não foi nenhuma pegadinha em provas em processos seletivos ou algo assim.
Na verdade a pergunta mais difícil não foi nem feito por um externo, muito embora partisse do externo o falar mas a pergunta só foi a expressão de algo que já me intrigava há algum tempo, a pergunta foi "Quem é o Bruno para além do que ele produz", confesso que na hora eu lembrei do programa "De frente com Gabi".
Bom, foi difícil eu responder de imediato porque dissociar eu daquilo que produzo é extremamente difícil, principalmente quando você é intenso no que se propõe a fazer. Mas depois de conversar com alguns amigos e ouvir perspectivas diferentes eu cheguei a conclusão de que eu sou apenas eu, sem adjetivos ou competências, apenas eu. Talvez aqui você olhe e diga "Tu realmente me fez ler até aqui pra tu me dizer uma coisas que o berçário já nasce sabendo?!" Pois é, mas eu vou entrar um pouco mais nesse ponto.
A cultura ocidental foi instruída muito com base no pensamento pragmático, apenas a alta classe era enobrecida sem a necessidade do esforço, talento e esforço eram inversamente proporcional, portanto, era natural que o esforçado não tivesse talento e daí então suas atribuições laborais enquanto o nobre, pela sua nobreza era talentoso e preguiçoso. Bom, posteriormente, em especial com o pensamento de Immanuel Kant, o esforço era a prova de recuperação da ausência do talento, isso é, a compensação da falta de talento vinha pelo esforço. A partir daí e com as várias emergências de pensamentos e pensadores, os atributos do indivíduo estava atrelada ao que ele fazia, portanto, quanto mais se fazia, melhor sua imagem ficava. Bom, não só em meios laborais, agora a disputa é contra qualquer coisa que te deixe relaxar por um instante, o relato pós moderno da trajetória de vida está em ter um diploma de graduação, pós graduação, mestrado, doutorado, pós isso, pós aquilo, estudar Marketing Digital, leitura clássica, gramática, cinco ou seis idiomas, dominar informática, escrever 10 livros, dormir 8 horas por noite indo deitar às 2h e levantando às 4h, praticar esportes, ter uma alimentação balanceada, pensamento positivos, métodos homeopáticos para lidar com as enfermidades, ser feliz o tempo todo, maratonar documentários, palestras, simpósios e workshops, e nas horas vagas você pode pensar em ver meme. 
Falei de forma exagerada mas é exatamente assim que fomos criados, ao ponto que nós não nos reconhecemos além daquilo que fazemos, e talvez a melhor resposta que me deram seja a que vou partilhar contigo. Porque uma das primeiras pessoas com quem fui discorrer sobre isso, eu disse "Eu ainda não sei responder quem sou além do que faço, porque pra mim é muito evidente que eu sou professor, universitário, pós graduado, escritor, e por aí vai" e a pessoa disse "Você ainda não se tocou né? Vou te ajudar... Você é um ótimo filho, um amigo incrível, um excelente conselheiro, esse é você, os demais são atribuições, um dia você não vai escrever, um dia você não vai lecionar, você já se formou, e seu diploma não te define, mas as coisas essenciais sempre estarão presente e é isso que aproxima as pessoas de você e você das pessoas." 
Bicho, eu vou te falar só isso, teu diploma, teu trabalho, teus esforços martirizantes não te definem, você é uma pessoa boa, apesar de não achar, você é um ótimo filho, um ótimo conselheiro, você conquistou pessoas ótimas para entregarem suas amizades e relacionamentos. Você talvez só não veja porque está soterrado de ansiedade, insegurança, crises de solidão e depressão mas cara, deixa eu te falar, você não é o que tu produz, você é o fulano de tal. Independente da sua crença eu oro para que você consiga em Cristo alcançar a paz que excede toda a compreensão. 
Faça, trabalhe e produza muito, mas não aceite que você se perca no meio disso tudo, não deixe de se reconhecer em meios ao turbilhão de coisas. Tudo bem tirar 10 em física e 5 em artes. Tudo bem ser imperfeito. Tudo bem você não saber exatamente como se auto intitular, se auto definir, você é uma série de facetas e tudo ok. Bom, eu sou professor, aluno, amigo, filho, irmão, radiólogo, teólogo, nerd, brincalhão, etc. Tudo com moderação senão haverá superaquecimento no sistema. 
Você é uma série de coisas, e as essenciais, se você procurar números e quantidades você não as verá, como disse a raposa ao Principezinho, O essencial só se vê com o coração.

Comentários

  1. Parabéns mais uma vez, fico maravilhada com cada texto seu, cada texto é um ensinamento, obrigada por compartilha-los.

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